Fernando Gonçalves é atualmente Secretário de
Meio Ambiente do município de Apicum-Açu (2011-2012). Além de ocupar este cargo,
atua no setor terciário, é dono de padaria em Apicum-açu e possui uma pousada
na Ilha dos Lençóis - Floresta dos Guarás.
Compromissado com o meio
ambiente, Fernando Gonçalves, busca continuamente novos meios de contribuir
para a construção de um futuro melhor participando ativamente na sua comunidade,
acredita que a sustentabilidade é o caminho certo a se seguir.
Em parceria com o CERMANGUE/LAMA,
a Prefeitura de Apicum-Açu por intermédio de Fernando Gonçalves promoveu em
Apicum-Açu o Programa Manguezal. E é sobre isto que trata-se nossa entrevista.
Cermangue: Qual a
importância do Programa Manguezal no município de Apicum-Açu?
Fernando: É muito valiosa, pois através da educação ambiental
conseguiremos chegar onde queremos. A Secretaria Municipal de Educação de
Apicum-Açu foi uma grande parceira desse programa. Creio que a principal
importância dele é sermos pioneiros no monitoramento do nível do mar, pois na
minha concepção nem mesmo São Luís faz esse tipo de trabalho.
Cermangue: Quais foram os momentos mais marcantes dentro do programa?
Fernando: Todos os momentos foram importantes dentro do programa. Mas
a criação da Ecoteca no município merece destaque. O envolvimento dos garis com
o programa, também considero como um momento bastante importante.
Outro momento marcante foi poder levar o programa à Rio+20, onde fomos muito
elogiados pela iniciativa, e isso é muito gratificante.
Cermangue: Quem foram os parceiros do programa?
Fernando: Em relação às
parcerias privadas, contamos com a empresa Sempre Verde, que reconheceu a importância
e doou ao município um container para a coleta de lixo. Já em relação à
parceria pública tivemos apoio da UFMA, e também da Prefeitura de Apicum- Açu
através da Secretaria Municipal de Meio Ambiente.
Cermangue: O que foi realizado no programa?
Fernando: O programa foi lançado no dia primeiro de março deste
ano, nós fizemos capacitação com todos os professores do município, desde o
fundamental até o ensino médio, capacitamos também os garis e pescadores. Criamos
a Ecoteca municipal e também pretendemos criar uma unidade de conservação para
a preservação das matas ciliares, como por exemplo, os juçarais e buritizeiros,
que são plantas nativas e que estão em constante desmatamento no município. O
projeto está em execução e planejamento, e conta com a participação de vários
setores da sociedade, afinal todo trabalho para se ter um resultado positivo é
necessário planejar.
Cermangue: Qual a avaliação que você faz desse programa?
Fernando: Muito bom, no andamento do projeto pude perceber que ele
é muito amplo. A criação da ecoteca foi muito marcante pra mim, quando fomos
conversar com Werley Monteiro, o Secretário de Administração e Finanças de
Apicum-Açu ele sugeriu que ampliássemos a biblioteca municipal, e hoje esse
prédio funciona como a Ecoteca, e ela já é visitada pelos turistas.
Cermangue: O que foi feito dentro da sua gestão e o que ficou em
andamento?
Fernando: No ano de 2007 a 2008 fui Secretário Municipal de Turismo
e Meio Ambiente, fizemos o primeiro e segundo Seminário do Meio Ambiente do
Município, dentro desse seminário elaboramos a carta de intenção de Apicum –
Açu, com a Flávia Mochel. Foi realizado também o planejamento da Apa das
Reentrâncias Maranhenses para a Convenção Ramsar; inventário da oferta
turística, matriz do PPA; a implantação da coleta de lixo no município; a
implementação de um centro de monitoramento de aves migratórias na Praia do Barão,
em parceria com a UFMA (destaque no programa Globo Ecologia); a implantação do
programa “Caminhos do Futuro”, do Ministério do Turismo, e também a elaboração
de uma lei municipal para criação do Conselho Municipal de Turismo.
No ano de 2011 a 2012 como
Secretário do Meio Ambiente, participei do Programa Manguezal, que inclui desde
a educação ambiental, recuperação de áreas degradadas até a pesquisa da fauna
marinha. Também fui responsável por elaborar o Plano Municipal de Resíduos
Sólidos, pois até 2014 nenhum município brasileiro poderá ter lixão, somente
aterro sanitário, mas para isso os municípios têm que elaborar seus planos municipais
de resíduos sólidos, através desse plano o município receberá recursos para a
construção do seu próprio aterro sanitário. E quando isso acontecer, será muito
gratificante para mim.
Em relação ao que ficou em andamento, posso
citar o Projeto Orla, o curso de capacitação de agentes ambientais do Ibama, a criação do conselho municipal de meio
ambiente e o projeto manguezal que está em execução.
Cermangue: Agora sua gestão está chegando ao fim, o que você espera que
aconteça com o programa?
Fernando: Não posso saber se o futuro gestor vai dar continuidade
ao programa, mas estarei acompanhando como cidadão de Apicum- Açu. A criação da
unidade de conservação é a bandeira que carrego e vou lutar por isso.
Cermangue: Como você acha que pode ajudar, mesmo estando no setor
terciário?
Fernando: Creio que posso contribuir dando exemplos de como ajudar
o meio ambiente. Penso que, se criarmos a Associação Comercial do Município,
seria uma parceria muito importante para o andamento do programa, pois quanto
mais pessoas envolvidas, melhor acontecerá o andamento do mesmo.
Cermangue: Como você percebe a atuação do setor terciário? E o que representa
esse programa pra esse setor?
Fernando: Eu percebo que as pessoas desse setor ainda não estão
completamente envolvidas, a não ser os pescadores, afinal eles se sustentam da
pesca, e sem peixe não tem como eles sobreviverem. Creio que falta mais empenho
do setor terciário. Já em relação aos garis, vejo que eles também estão muito
envolvidos com o programa e isto é muito gratificante pra mim. Esse programa
está voltado para a preservação do meio ambiente, quanto mais pessoas estiverem
envolvidas, melhor será o resultado.
Cermangue: Além das suas atribuições como agente público, vinculado à
prefeitura de Apicum-Açu, de que outras formas você contribui para a
preservação do meio ambiente?
Fernando: Na padaria, o forno utilizado não é a lenha, uso
somente embalagens ecologicamente corretas, tais como o papel e o plástico
biodegradável, que apesar de serem mais caros, trazem menos impactos ao meio
ambiente. Já na pousada, existe uma “ecofossa”, uma fossa ecológica. A água que
é usada na descarga passa por um filtro que sai mais ou menos 90% tratada,
porém ela não serve para consumo, mas ela serve para usar em jardins ou poderá
ser jogada in natura sem contaminar o lençol freático. Pretendo também fazer
uma cerca de garrafa pet, pois fico incomodado com o uso da madeira do mangue
na construção das cercas.
Por Dianna Ribeiro