São Luís, 16 de novembro
O desmatamento que atingiu a
floresta amazônica no mês de outubro causou a perda de 487 km² de cobertura
vegetal, segundo dados divulgados nesta quarta-feira (14) pela ONG Instituto do
Homem e Meio Ambiente da Amazônia (Imazon).
Na comparação com o mesmo período
de 2011, houve aumento de 377% na perda de floresta (foram devastados 102 km²
em outubro do ano passado).
Informações de satélites
utilizadas pela ONG para elaborar o Sistema de Alerta de Desmatamento (SAD)
apontam alta na devastação da região denominada Amazônia Legal (que abrange
nove estados).
O governo federal utiliza apenas
informações do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) para monitorar
o ritmo de degradação do bioma e organizar ações de fiscalização na Amazônia
Legal. A metodologia do Inpe, que
utiliza o sistema de detecção do desmatamento em tempo real, o Deter, é
diferente da utilizada pelo Imazon, portanto, os dados não podem ser
comparados.
O índice oficial do desmatamento
de outubro ainda não foi divulgado pelo Ministério do Meio Ambiente. Em agosto,
o governo informou que houve pico na degradação da Amazônia, com perda de 522
km² de vegetação. No mês seguinte, o Deter registrou queda para 282 km².
Na época, o ministério informou
que o aumento foi consequência da seca forte e atípica que atingiu o bioma e
favoreceu as queimadas, e de ações ilegais voltadas para o plantio de soja e
exploração de ouro. Sobre os dados do Imazon, o MMA informou que não vai se
pronunciar a respeito.
Infraestrutura na Amazônia
Segundo o SAD, de janeiro a
outubro deste ano houve a redução de 1.630 km² de cobertura vegetal, enquanto
que no mesmo período de 2011 foi detectada a derrubada de 1.359 km² de floresta
(aumento de 20%).
“Os meses que mais registraram
degradação em 2012 foram os três últimos (de agosto a outubro), quando foram
detectadas ações principalmente na região entre Cuiabá (MT) e Santarém (PA),
área que recebe investimentos públicos como o asfaltamento de rodovias e
construção de usinas hidrelétricas, como o complexo de Tapajós”, disse Heron
Martins, pesquisador do Imazon.
De acordo com Martins, áreas de
conservação foram diminuídas para beneficiar os empreendimentos como o complexo
de Tapajós, no Pará, e a usina de Santo Antônio, em Rondônia, o que pode ter
contribuído para o aumento do desmate.
Em junho deste ano, o governo
publicou no “Diário Oficial” alteração do limite de oito unidades de
preservação ambientais da Amazônia para beneficiar as obras voltadas para a
geração de energia.
Pará é líder no desmatamento
Segundo os dados do Imazon, o
Pará foi o principal responsável pelo desmatamento do bioma (179 km²), seguido
do Mato Grosso (144,5 km²), Amazonas (84 km²) e Rondônia (58 km²).
No ranking dos municípios que
mais desmataram, Colniza, no Mato Grosso, lidera a lista com 35,9 km² de
vegetação derrubada. São Félix do Xingu, no Pará, vem na segunda posição com
33,1 km². As duas localidades estão inseridas na lista "negra" das
cidades que mais desmatam a Amazônia, divulgada pelo governo federal.
Fonte: G1