São Luís, 17 de setembro
Ao contrário da maioria das plantas, que têm na abelha
seu principal polinizador, o mangue depende de uma mosca para se reproduzir. É
o que mostra pesquisa da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), que
analisou durante quatro anos a floração de um manguezal em Catuama, município de
Goiana, na Zona da Mata Norte.
A mosca, da espécie Palpada albifrons, tem menos de
dois centímetros e corpo preto e vermelho. O inseto busca o néctar das flores
de três dos quatro tipos de mangue encontrados no local: o mangue-preto ou
sereíba, o branco e o de-botão. Ao se alimentar do recurso, o inseto entra em
contato com o pólen, e acaba transportando involuntariamente os grãos de uma
para outra flor.
No pólen, produzido numa parte da
flor chamada estame, estão os gametas masculinos das plantas. Os femininos
ficam nos óvulos que se encontram no interior da flor, num órgão denominado
gineceu.O único tipo de mangue que não precisa do inseto para se multiplicar é
o vermelho. Os pesquisadores identificaram que, no caso dessa espécie, é o
vento, e não um animal, que se encarrega de levar o pólen. É o que os botânicos
chamam de anemofilia.
Além da mosca, o mangue conta com
abelhas, borboletas, mariposas e vespas para se perpetuar. “Mas a mosca é o
principal polinizador”, atesta a botânica Tarcila Correia de Lima Nadia.
Professora do câmpus da UFPE em Vitória de Santo Antão, Tarcila realizou a
pesquisa para a tese de doutorado em biologia vegetal da UFPE.
O trabalho, concluído em 2009,
teve a orientação da professora do Departamento de Botânica da UFPE, Isabel Cristina
Sobreira Machado. “As abelhas predominam como polinizadoras no Cerrado, na mata
atlântica e na caatinga. O mangue foge à regra dos ecossistemas brasileiros”,
atesta a pesquisadora.
Fonte: Jornal do Commercio-PE
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