Essenciais para a produção de
frutos do mar, água doce e aves, os mangues - áreas de florestas inundadas
pelas marés - estão desaparecendo no Brasil em decorrência do desmatamento
das florestas e poluição dos mares. O alerta é de Flavia Mochel, professora
da Universidade Federal do Maranhão, durante a palestra sobre o tema "O
Mangue está na lama", em uma alusão à grave situação em que se encontram
os mangues. Promovido pela SBPC, o evento foi realizado no dia 20, no Armazém
4, do Pier Mauá, zona portuária do Rio de Janeiro, durante a Rio+20.
Segundo estima a
pesquisadora, cerca de 50%, em média, dos mangues brasileiros estão
comprometidos na maioria das capitais do País.
Também presidente da Comissão Técnica sobre
Manguezais e representante da SBPC, Flávia alerta sobre a importância de
conservar os manguezais que são fontes de emprego e renda gerados pela
produção de várias espécies de peixes e frutos marinhos, como caranguejos,
moluscos, siri, marisco, ostra e camarão, dentre outros. Produzem também
alimentos para aves, como o guará, cujos ninhos são feitos no alto das
árvores à beira dos manguais e lamaçais litorâneos. Segundo ela, a destruição
do mangue interfere em toda cadeia econômica gerada pelos manguezais.
"Os
mangues produzem muitos frutos, não necessariamente frutos do mar. Quando os
mangues são destruídos se destrói também a produção de frutos do mar. Isso
afeta a economia, provocando desemprego em várias classes de trabalhadores
deste País.", disse ela, para uma plateia composta de estudantes, cientistas
e pesquisadores.
Nascida
no Rio de Janeiro, a pesquisadora declarou que o guará foi extinto na cidade
na década de 1960 e o caranguejo corre o mesmo risco de extinção diante da
poluição marítima, desmatamento, erosão e habitação em áreas irregulares.
Essa tendência é seguida pelos litorais de São Paulo (Santos) e Salvador. No
Maranhão, onde concentra a maioria dos mangues do Brasil, há uma redução
significativa dessas áreas úmidas, segundo alertou. Conforme ela, os mangues
são os ecossistemas mais vulneráveis às alterações climáticas.
Código Florestal - De
acordo com Flavia, tal situação pode ser agravada pela nova Legislação
Ambiental do Brasil que estabelece percentuais de desmatamento de áreas
florestais preservadas, abrindo margem para o desmatamento legalmente de
mangues. Reforçando a opinião de outros cientistas, ela destaca que os
mangues são Áreas de Preservação Permanente (APPs).
Ela
considera um absurdo o texto do Código Florestal, em andamento, permitir, nas
áreas dos manguezais, a construção de tanques para o cultivo predatório de
espécies exóticas de camarão para atender ao mercado, permitindo a destruição
dos outros frutos marinhos. "Essa não é uma produção de alimentos
sustentáveis", disse.
Fonte:Viviane Monteiro - Jornal da Ciência
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