terça-feira, 26 de junho de 2012

Coordenadora do Cermangue alerta sobre desaparecimento dos mangues do Brasil

São Luís, 26 de junho.
Por Paiva Silva
            Em entrevista concedida ao Jornal da Ciência durante a Rio+20, a coordenadora do Centro de Recuperação de Manguezais-Cermangue alertou sobre os riscos de desaparecimento dos mangues brasileiros.
Confira a matéria.
           Essenciais para a produção de frutos do mar, água doce e aves, os mangues - áreas de florestas inundadas pelas marés - estão desaparecendo no Brasil em decorrência do desmatamento das florestas e poluição dos mares. O alerta é de Flavia Mochel, professora da Universidade Federal do Maranhão, durante a palestra sobre o tema "O Mangue está na lama", em uma alusão à grave situação em que se encontram os mangues. Promovido pela SBPC, o evento foi realizado no dia 20, no Armazém 4, do Pier Mauá, zona portuária do Rio de Janeiro, durante a Rio+20.
           Segundo estima a pesquisadora, cerca de 50%, em média, dos mangues brasileiros estão comprometidos na maioria das capitais do País.
          Também presidente da Comissão Técnica sobre Manguezais e representante da SBPC, Flávia alerta sobre a importância de conservar os manguezais que são fontes de emprego e renda gerados pela produção de várias espécies de peixes e frutos marinhos, como caranguejos, moluscos, siri, marisco, ostra e camarão, dentre outros. Produzem também alimentos para aves, como o guará, cujos ninhos são feitos no alto das árvores à beira dos manguais e lamaçais litorâneos. Segundo ela, a destruição do mangue interfere em toda cadeia econômica gerada pelos manguezais.
          "Os mangues produzem muitos frutos, não necessariamente frutos do mar. Quando os mangues são destruídos se destrói também a produção de frutos do mar. Isso afeta a economia, provocando desemprego em várias classes de trabalhadores deste País.", disse ela, para uma plateia composta de estudantes, cientistas e pesquisadores.
             Nascida no Rio de Janeiro, a pesquisadora declarou que o guará foi extinto na cidade na década de 1960 e o caranguejo corre o mesmo risco de extinção diante da poluição marítima, desmatamento, erosão e habitação em áreas irregulares. Essa tendência é seguida pelos litorais de São Paulo (Santos) e Salvador. No Maranhão, onde concentra a maioria dos mangues do Brasil, há uma redução significativa dessas áreas úmidas, segundo alertou. Conforme ela, os mangues são os ecossistemas mais vulneráveis às alterações climáticas.
Código Florestal - De acordo com Flavia, tal situação pode ser agravada pela nova Legislação Ambiental do Brasil que estabelece percentuais de desmatamento de áreas florestais preservadas, abrindo margem para o desmatamento legalmente de mangues. Reforçando a opinião de outros cientistas, ela destaca que os mangues são Áreas de Preservação Permanente (APPs).
          Ela considera um absurdo o texto do Código Florestal, em andamento, permitir, nas áreas dos manguezais, a construção de tanques para o cultivo predatório de espécies exóticas de camarão para atender ao mercado, permitindo a destruição dos outros frutos marinhos. "Essa não é uma produção de alimentos sustentáveis", disse. 
Fonte:Viviane Monteiro - Jornal da Ciência



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