São Luís, 18 de março de 2013
Pesquisadores desenvolveram uma forma de calcular toda a
água consumida pelo ser humano. Isso inclui o uso para hidratação e higiene,
além do que é utilizado na produção de bens de consumo, o que geralmente não é
notado.
Você já pensou na
quantidade de água que consome? De acordo com a Organização das Nações Unidas
(ONU), cada pessoa gasta em média 39,6 m³ de água por ano (cerca de 110 litros
por dia), de forma direta. Esse é o volume considerado para atender às
necessidades de ingestão, higiene pessoal, preparação de alimentos e limpeza em
geral. Mas o que não se leva em consideração é a água utilizada no processo de
produção de tudo que se consome, como alimentos, roupas, livros, carros. Esse
consumo indireto é denominado “água virtual” e tem chamado a atenção de
especialistas, ao demonstrar que a demanda desse recurso é muito maior do que
se imagina, e a velocidade com que a disponibilidade tem diminuído, também.
Essa teoria foi
introduzida pelo britânico Tony Allan em 1993. Trata-se de uma definição simples,
segundo a qual o volume de água utilizado na produção de qualquer bem ou
produto, seja de origem animal, vegetal ou mineral, é considerado água virtual.
No setor produtivo, a água é dividida em verde (chuva), azul (na superfície e
debaixo da terra) e cinza (poluída).
Para se ter uma
ideia, produzir 1kg de carne bovina demanda 15 mil litros de água. Para 1kg de
arroz são necessários 2,5 mil litros, e para uma calça jeans, mais 10 mil.
Esses são apenas exemplos de como a quantidade de água de fato usada pelo ser
humano é bem maior do que os 110 litros diários estimados pela ONU. Sem
mencionar que, se cada pessoa do planeta adotasse o padrão de consumo dos
países desenvolvidos, precisaríamos de muito mais água. Só a produção de
alimentos demandaria 75% a mais do recurso natural, de acordo com o relatório
do Conselho Mundial da Água.
Pegada hídrica – Os pesquisadores Arjen Hoekstra e Mesfin
Mekonnen, da Universidade de Twente, na Holanda, fizeram um estudo para mapear
a “pegada hídrica” de cada indivíduo, empresa, comunidade ou nação. O cálculo
do consumo e da poluição diretos ou indiretos da água doce tem o objetivo de
auxiliar governos a estabelecer políticas e metas para produção, a fim de
racionar o uso global da água.
Segundo os cálculos,
a média global por pessoa sobe para 1.385 m³/ano de água (cerca de 3.794 litros
por dia). Mas este número depende do país e seu padrão de consumo. Em países
desenvolvidos, o consumo varia de 1.258 a 2.842 m³/ano, sendo as extremidades
representadas por Reino Unido e Estados Unidos, respectivamente. Já em países
em desenvolvimento, a diferença é bem maior: a pegada hídrica da República
Democrática do Congo é de 552 m³/ano, já a da Mongólia, de 3.775 m³/ano. No
Brasil, a pegada per capita é de 2.027 m³/ano.
Essa nova forma de
medir o consumo de água está sendo discutida pelos governos e é considerada
como instrumento estratégico na definição de políticas para o uso da água. Isso
poderá ter um grande impacto em países como o Brasil, devido à sua grande
produção agrícola, setor que, segundo dados da Unesco, consome 92% da água
virtual utilizada no planeta.
Fonte: ambiente brasil