segunda-feira, 23 de abril de 2012

Coordenadora do Cermangue visita o Sambaqui da Beirada



 São Luís, 23 de abril.
Flávia Mochel visita sítio arqueológico, em Saquarema.



         Entre os dias 06, 07 e 08 de abril, a bióloga Flávia Mochel, coordenadora do Cermangue, visitou um dos mais importantes sítios arqueológicos do país, o Sambaqui da Beirada, em Saquarema-RJ, onde pôde conhecer um conjunto arqueológico e botânico de importância científica e cultural.
         O Sambaqui foi local de moradia temporária de populações pré-históricas. Têm valor botânico pela vegetação de restinga, representada pela disposição em mosaico cuja paisagem local é deslumbrante não só pela fisionomia, mas também pela composição florística, com espécies de valor alimentar, medicinal e econômico.
         Registrado em 1975, o Sambaqui da beirada foi descoberto pelo pescador Manoel Venceslau, o “Juca”. Pesquisado no decorrer de 1987, foi datado pelo método de carbono-14 em 4.520 anos A.P (antes do presente), constituindo a mais antiga ocupação humana do município de Saquarema. Coletores, pescadores e caçadores da época não conheciam a agricultura e o fabrico da cerâmica, mas utilizavam canoas para apanhar a matéria-prima lítica necessária às lâminas de machado, batedores e almofarizes. Construíam habitações temporárias, acendiam fogueiras para a cocção do alimento, fonte de calor e iluminação, sepultando os mortos segundo rituais peculiares.
         As práticas funerárias evidenciadas no Beirada mostram as diferenças de “status” existentes nas sociedades pré-históricas, bem como a preocupação do homem com a morte. Do ponto de vista físico, os indivíduos eram fortes e robustos, estatura média baixa, apresentando, devido à dieta rica em moluscos, acentuado desgaste dentário e quase ausência de cárie.
         O sítio de Saquarema, assim como os outros sítios arqueológicos pesquisados na região, revela que culturas diversas ocuparam o município em tempos pré-históricos, deixando como testemunho de vidas, restos materiais, recuperados a partir de escavações arqueológicas e análises laboratoriais.
         As tradições técnicas, os hábitos alimentares, as práticas funerárias e manifestações artísticas identificadas no contexto do Sambaqui da Beirada são peças importantes no estudo de povos que, ao longo de milênios, deixaram as marcas de sua existência preservadas no solo.
REDAÇÃO: Paiva Silva
IMAGENS: Flávia Mochel

        

        

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