São Luís, 23 de abril.
Flávia Mochel visita sítio arqueológico, em Saquarema.
Entre os dias 06, 07 e 08 de abril, a
bióloga Flávia Mochel, coordenadora do Cermangue, visitou um dos mais
importantes sítios arqueológicos do país, o Sambaqui da Beirada, em Saquarema-RJ,
onde pôde conhecer um conjunto arqueológico e botânico de importância
científica e cultural.
O Sambaqui foi local de moradia
temporária de populações pré-históricas. Têm valor botânico pela vegetação de
restinga, representada pela disposição em mosaico cuja paisagem local é
deslumbrante não só pela fisionomia, mas também pela composição florística, com
espécies de valor alimentar, medicinal e econômico.
Registrado em 1975, o Sambaqui da
beirada foi descoberto pelo pescador Manoel Venceslau, o “Juca”. Pesquisado no
decorrer de 1987, foi datado pelo método de carbono-14 em 4.520 anos A.P (antes
do presente), constituindo a mais antiga ocupação humana do município de
Saquarema. Coletores, pescadores e
caçadores da época não conheciam a agricultura e o fabrico da cerâmica, mas
utilizavam canoas para apanhar a matéria-prima lítica necessária às lâminas de
machado, batedores e almofarizes. Construíam habitações temporárias, acendiam
fogueiras para a cocção do alimento, fonte de calor e iluminação, sepultando os
mortos segundo rituais peculiares.
As práticas funerárias evidenciadas no
Beirada mostram as diferenças de “status” existentes nas sociedades
pré-históricas, bem como a preocupação do homem com a morte. Do ponto de vista
físico, os indivíduos eram fortes e robustos, estatura média baixa,
apresentando, devido à dieta rica em moluscos, acentuado desgaste dentário e
quase ausência de cárie.
O sítio de Saquarema, assim como os
outros sítios arqueológicos pesquisados na região, revela que culturas diversas
ocuparam o município em tempos pré-históricos, deixando como testemunho de
vidas, restos materiais, recuperados a partir de escavações arqueológicas e
análises laboratoriais.
As tradições técnicas, os hábitos
alimentares, as práticas funerárias e manifestações artísticas identificadas no
contexto do Sambaqui da Beirada são peças importantes no estudo de povos que,
ao longo de milênios, deixaram as marcas de sua existência preservadas no solo.
REDAÇÃO: Paiva Silva
IMAGENS: Flávia Mochel