segunda-feira, 17 de setembro de 2012

Futuro de mangue depende de mosca

São Luís, 17 de setembro


Ao contrário da maioria das plantas, que têm na abelha seu principal polinizador, o mangue depende de uma mosca para se reproduzir. É o que mostra pesquisa da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), que analisou durante quatro anos a floração de um manguezal em Catuama, município de Goiana, na Zona da Mata Norte.

A mosca, da espécie Palpada albifrons, tem menos de dois centímetros e corpo preto e vermelho. O inseto busca o néctar das flores de três dos quatro tipos de mangue encontrados no local: o mangue-preto ou sereíba, o branco e o de-botão. Ao se alimentar do recurso, o inseto entra em contato com o pólen, e acaba transportando involuntariamente os grãos de uma para outra flor.

No pólen, produzido numa parte da flor chamada estame, estão os gametas masculinos das plantas. Os femininos ficam nos óvulos que se encontram no interior da flor, num órgão denominado gineceu.O único tipo de mangue que não precisa do inseto para se multiplicar é o vermelho. Os pesquisadores identificaram que, no caso dessa espécie, é o vento, e não um animal, que se encarrega de levar o pólen. É o que os botânicos chamam de anemofilia.

Além da mosca, o mangue conta com abelhas, borboletas, mariposas e vespas para se perpetuar. “Mas a mosca é o principal polinizador”, atesta a botânica Tarcila Correia de Lima Nadia. Professora do câmpus da UFPE em Vitória de Santo Antão, Tarcila realizou a pesquisa para a tese de doutorado em biologia vegetal da UFPE.

O trabalho, concluído em 2009, teve a orientação da professora do Departamento de Botânica da UFPE, Isabel Cristina Sobreira Machado. “As abelhas predominam como polinizadoras no Cerrado, na mata atlântica e na caatinga. O mangue foge à regra dos ecossistemas brasileiros”, atesta a pesquisadora.

Fonte: Jornal do Commercio-PE

Nenhum comentário: